A divulgação científica em debate
por Andressa Braga, Flávio Barbosa e Leandro Marlon
Na tarde desta quarta (30), ocorreu, no auditório Hilton Salles, no P1, o primeiro dia do Simpósio de Divulgação Científica da UFRRJ, organizado pelo PET Dimensões da Linguagem e pelo Laboratório de Comunicação, Ciência e Cultura.
A primeira mesa de debate, “Experiências e Reflexões sobre a Popularização da Ciência”, mediada por Mário Newman, professor do curso de Letras da UFRRJ e coordenador do PET, teve início com a fala do doutor em Sociologia e jornalista da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Gustavo Smiderle.
O professor explicou os dois eixos, interno e externo, que seu projeto procura alcançar. Aos poucos, segundo ele, o Clube de Divulgação Científica da UENF vem ganhando espaço na imprensa local, como colunas e páginas de ciências nos jornais do norte fluminense. Nesse contexto, o palestrante ressaltou que busca também desenvolver novos projetos, como a interação com as escolas, o “Ciência no Shopping” e a utilização de meios áudiovisuais. Desse modo, pretende mostrar que a ciência pode estar ao alcance de todos. Além disso, são realizados eventos para disseminar a linguagem cientifica, como o I e II Simpósio Nacional de Jornalismo Científico.
Em seguida, Gabriel Machado, doutorando em Educação e Difusão da Ciência pela UFRJ, falou sobre a importância do uso de Teorias da Comunicação na divulgação de produtos voltados a prevenções de doenças com foco nas medidas preventivas do câncer.
O doutorando realizou uma série de pesquisas, subdivididas em três temas, vírus do Papiloma Humano (HPV), fumo e pele, todas feitas com adolescentes e jovens adultos até 25 anos. Como meio de divulgação, foram elaborados três vídeos e um livro de RPG, sobre a prevenção do câncer, com alvo no público jovem.
– É preciso equilibrar as coisas do dia- a-dia para que os assuntos não se tornem desinteressantes para o público.
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Francisco Carlos de Francisco em foto de Leandro Marlon |
Após um intervalo, Francisco Carlos de Francisco, professor do curso de Geografia da UFRRJ, debateu a relação da mídia com o meio ambiente.
Francisco ressaltou a importância de se pensar as contribuições da mídia nas questões ambientais.
– Em todo desenvolvimento da sociedade, a ação humana não tem sido harmoniosa. A mídia entra nesse processo como um possível catalisador da pressão popular.
Um dos problemas na área da divulgação científica, segundo o professor, está no afastamento das áreas do saber da sociedade, de uma maneira geral.
– Este processo gera uma lacuna na divulgação do desenvolvimento científico no campo midiático. Nesse sentido, devemos buscar uma melhor apresentação das pesquisas.
Na visão do pesquisador, a mídia contribui atuando em três frentes: a denúncia, a produção de documentários e a elaboração de programas educativos nos diversos campos do saber. Entretanto, trata-se, segundo ele, de um aspecto complexo.
– Quando a máquina do poder público é enfrentada, podemos sofrer graves consequências e o medo impera nessa questão.
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Alessandra Carvalho em foto de Leandro Marlon |
Exemplificando o papel da mídia na divulgação científica, a pesquisadora Alessandra de Carvalho, professora do curso de Jornalismo na UFRRJ, apresentou um estudo sobre a revista Superinteressante.
Ao iniciar sua fala, a professora afirmou que a publicação é rechaçada por acadêmicos e que, na sua opinião, não se trata de uma revista de divulgação de conhecimento científico.
– Mesmo podendo trazer um “mosquito” de possibilidade de interesse pela ciência de maneira geral, entendo que a revista abandonou temas de divulgação científica e preconizou assuntos voltados para variedades e atualidades.
Do primeiro dia, cabe uma reflexão sobre o papel do I Simpósio de Divulgação Científica da UFRRJ: quebrar a barreira invisível que gera um afastamento do conhecimento acadêmico do universo social amplo, ou seja, mostrar o conteúdo científico como algo do cotidiano da sociedade.